Após o término das gravações e da edição, me reuni com o Guto, passei todo o material de referência e discuti sobre os caminhos que ele poderia seguir. Expliquei que o filme estava dividido em três partes, e imaginava um tratamento sonoro distinto para cada uma delas. Conversamos muito neste primeiro encontro, porém poucas idéias concretas surgiram.
Umas duas semanas se passaram até a gente se ver novamente, desta vez no seu estúdio. Lá ele me mostrou uma espécie de colagem esquisita com sinos e corais italianos, tudo numa atmosfera sombria e fria, bem como eu havia imaginado. O Guto está mais ligado em música erudita, em composições mais orquestradas e bem mais complexas. Falei que essas coisas não caberiam neste filme e o legal foi que ele pescou toda essa esquisitice que eu queria sem grandes dificuldades. A idéia era que no começo só haveriam ruídos e colagens de sons e aos poucos uma melodia iria aparecer, progredindo para uma música mais sólida no terceiro ato.
Enfim, o Guto ficou contente em trabalharmos desta forma, para ele estava sendo uma experiência nova e para mim, estava sendo exatamente como eu havia imaginado trabalhar. Sempre achei que o diretor pode ter uma influência importante na construção musical de um filme, mesmo que muitos prefiram não interferir muito neste processo. Abaixo, algumas referências utilizadas:
Beulah - Yoko
John Lennon - Plastic Ono Band
Bright Eyes - Lifted or the story is in the soil...
M. Ward - End of Amnesia
Sean Lennon - Friendly Fire
The Doors - Strange Days
Eels - Electro Shock Blues
Clem Snide - The Ghost of Fashion
The Czars - Goodbye
Badly Drawn Boy - Have you fed the Fish
John Lurie - Fishing With John
Andrew Bird - The Mysterious Production of Eggs
Nick Drake - Five Leaves Left
Circulatory System - Circulatory System
Modest Mouse - Everywhere and His Nasty Parlour Tricks
Califone - Quicksand/Cradlesnakes
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