sexta-feira, 28 de novembro de 2008

(Des)construindo Sara

Era uma vez uma menina chamada Dani que depois passou a ser chamada Sara. Antes disso ela tinha uma história cheia de memórias e lembranças que a levavam a lugares distantes e sentimentos únicos. Sara esquecia que esses sentimentos sempre estiveram com ela por mais escondidos que eles pudessem estar. Relendo cartas antigas, folhando álbuns fotográficos de infância, aos poucos Sara puxava suas memórias e com elas, vinham os sentimentos. Desse momento em diante, Dani era parte de Sara e Sara passou a ser Dani. Sua fala não era mais a mesma, seu jeito de andar e de se vestir, suas emoções, tudo se misturava na sua cabeça. Mas era assim que tinha que ser.

domingo, 23 de novembro de 2008

Encontrando Sara

Como você encontra a atriz ideal para o papel mais importante do seu filme? Poderíamos ter entrado em contato com os agentes mais "quentes" do mercado cinematográfico brasileiro (já existe um?), poderíamos ir nas melhores escolas de teatro do país, numa peregrinação em busca da mais nova atriz-sensação, ou ainda, poderíamos apenas irmos em alguma lanchonete decadente às seis da matina em busca daquela garçonete extremamente talentosa, mas que por algum motivo, continua servindo cafés ao invés de emoções nos cinemas da cidade. Nada disso. Foi mais ou menos assim: Tiago, Sandro, cês conhecem alguém? Como? Assim e assado. Tem essa amiga minha. Tem uma atriz com esse perfil também. Tem orkut? Já fizeram alguma coisa? Ok, vamos chama-las.

Gravamos três cenas com cada uma delas e depois revimos dezenas de vezes. Gostei disso que ela fez aqui. Sou mais a outra. Essa tem mais potencial. Aquela é mais dinâmica. A outra conhece melhor a personagem. Dúvidas e mais dúvidas. Mas como o filme era sobre apenas uma menina e por mais que esta menina tivesse uma irmã na primeira versão do roteiro, tínhamos que escolher apenas uma atriz. Foi difícil. Você sabe que aquele rosto vai fazer parte da sua vida nos próximos 400 dias, em cada ensaio, em cada gravação, em cada frame rotoscopiado. É preciso pesar tudo e depois trocar a balança e pesar tudo novamente.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O Projeto

100% independente, sem apoios ou dinheiro mesmo. Tinhamos uma noção que levaríamos pelo menos uns 3 anos para conclui-lo, a não ser que esquecêssemos da rotoscopia, o que significaria esquecermos do projeto, já que todo ele foi baseado justamente nessa técnica linda. Foi nessa época que alguém ficou sabendo por outro alguém sobre um tal edital da prefeitura, em que projetos de iniciantes eram "contemplados" (adoro essa palavra) e para isso, bastava apenas inscrevermos nosso projeto e depois aguardarmos o resultado do Edital. Essa parte não foi tão simples assim, afinal, tivemos que preencher diversos formulários, além de colher o maior material possível a respeito do filme, currículos dos participantes, clippings, e...documentos. Vários documentos. Caso o projeto não fosse contemplado, esses documentos, ou melhor, a falta de algum deles, seria a provável razão. Por sorte, deu tudo certo e um belo dia o sr. walkir me liga dando os parabéns. Fiquei feliz por vários motivos, entre eles a constatação que o projeto seguiu os padrões formais exigidos (coisa que eu duvidava muito), e principalmente por saber que assim, o projeto realmente sairia do papel. Agradecimentos especiais a Prefeitura Municipal de Curitiba e sua maravilhosa Fundação Cultural.

O vídeo abaixo foi feito pelo Tiago, com imagens da noite que terminamos de escrever o projeto.


Edição: Tiago Valério Arte: Igor Moura

domingo, 16 de novembro de 2008

A História em Quadradinhos

Passado o roteiro e todas as discussões provenientes do mesmo, começamos o trabalho de traduzir as palavras em desenhos que por sua vez foram divididos em planos, cenas e outros termos cinematográficos. É nessa hora que a equipe e o próprio roteirista (neste caso) começa a visualizar materialmente aquilo que será filmado depois. Outras idéias aparecem e muitas vezes o roteiro precisa ser reescrito. Nesse momento também podemos observar o ritmo que a história será contada, antecipando a edição e corrigindo possíveis furos de roteiro. Nossas reuniões de storyboard consistiram na presença deste chato que vos escreve, juntamente com seus dois grandes amigos: Walkir (Fernandes) e Tiago (Valério). Enquanto Walkir, munido de papel e lápis, era o responsável por interpretar aquilo que estava escrito no roteiro e discutido no grupo, Tiago e Igor bebiam cervejas e opinavam sobre os desenhos que iam aparecendo naquelas folhas de papel. Neste clima informal, e depois de uma dezena de encontros desse tipo, o storyboard nasceu. Se estivessemos fazendo um HQ, o projeto já estaria praticamente concluído.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Da Cabeça para o Papel

Antes dos problemas existirem (vide o post 1), algumas etapas vieram e graças a elas hoje temos todos esses problemas. Não que estes só existam devido as etapas anteriores, pelo contrário, esses problemas poderiam ser muito maiores caso não tivessemos feito direito as lições de casa. A primeira surge meio que expontaneamente como qualquer outro pensamento que insiste em visita-lo frequentemente. Antes do roteiro, você tem apenas uma idéia. Só. Ela pode ser estúpida ou inocente, mas mesmo nesses casos, há a possibilidade de algum tipo de aproveitamento. Pode se dizer que foi mais ou menos com uma dessas idéias que decidi escrever o roteiro. Pensei numa menina que perderia tudo no começo do filme para em seguida, embarcar numa espécie de viagem auto-consciente em busca de respostas para os acontecimentos a sua volta. Rotoscopia. Pensei também em fazer isso através dessa técnica, já que assim, estaria mais livre para criar situações pouco prováveis de serem concebidas nos meios "independentes" de se fazer cinema no Brasil.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Hoje



26.000 ou 13.000. Não importa, de qualquer modo a conta é alta. A história está pronta, filmada e editada. Mas inventamos em conta-la através de desenhos que no fim, substituem a imagem captada e dão ao filme uma cara estranha, porém interessante. E é aí que os milhares de frames aparecem. Precisamos desenhar quadro-a-quadro tudo que filmamos anteriormente. É trabalho que não acaba mais.

Eis que temos outro problema: o tempo. Talvez este seja nosso maior vilão. Um vilão que é inexistente na história do filme em si, mas se faz presente nas frequentes batalhas vividas nas produções independentes. Além do tempo, temos ainda: orçamento apertado, dificuldades técnicas e pouca experiência. Essa poderia ser uma história sobre uma criança pobre e especial que tenta vencer na vida, mesmo com pouquíssimas chances. Um Forest Gump. E já que o exemplo veio, é dele que precisamos tirar uma fonte de inspiração: temos que correr.