
Era uma tarde quente de verão e lá estávamos, em um lugar tranquilo, com passarinhos cantando, árvores e toda uma natureza contemplativa ao nosso redor. Estávamos no meio de um trilho de trem, uma parte da equipe estava de "folga" e neste dia, além da
Dani e eu, Tiago,
Walkir,
Anna Flor, Ricardo (e família) nos acompanhavam. Gravamos os planos com a
Dani andando no trilho e em seguida nos preparamos para a parte que seria bem mais complicada. Precisávamos filmar o trem passando com a
Dani ao lado do trilho. Detalhe: não sabíamos o horário
exato que o maldito trem passaria. A informação que tínhamos era que o mesmo poderia passar das duas até as seis da tarde, ou seja, nos preparamos para longas horas de espera. Tivemos que
planejar tudo antecipadamente, enquanto Tiago e eu ficaríamos numa
câmera, a
Dani estaria na nossa frente, do outro lado do trilho. A
Anna Flor teve que ficar mais na frente, para evitar que pessoas
aparececem no plano e o
Walkir precisou se posicionar lá atrás para nos telefonar avisando o momento que o trem estivesse passando por ele. Ainda tinha o Ricardo, que posicionou sua
câmera num tripé bem no meio do trilho, e no momento que o trem chegasse perto, ele tiraria o tripé e ainda filmaria o trem lateralmente, pegando detalhes das rodas e do trilho.
Depois de três longas horas, conversas sobre o nada e histórias sobre a vida (algumas contadas por um bêbado-ex-presidiário-mendigo), eis que o trem mais aguardado por todos resolve aparecer. Neste instante, é celular do
Walkir me ligando; é
Anna Flor gritando e segurando ciclistas e pedestres que insistem em querem aparecer no filme; é Tiago ligando a
câmera na pressa e me perguntando se a
Dani tava no lugar certo; é Ricardo segurando sua
câmera até o último segundo possível antes de tirá-la do trilho e correr para fora; e é
Dani morrendo de medo do trem que passa por ela tirando um fino de assustar até o bêbado-ex-presidiário-mendigo que
enxia nosso saco horas antes. Três horas inertes para três minutos de adrenalina pura.