Era uma tarde quente de verão e lá estávamos, em um lugar tranquilo, com passarinhos cantando, árvores e toda uma natureza contemplativa ao nosso redor. Estávamos no meio de um trilho de trem, uma parte da equipe estava de "folga" e neste dia, além da Dani e eu, Tiago, Walkir, Anna Flor, Ricardo (e família) nos acompanhavam. Gravamos os planos com a Dani andando no trilho e em seguida nos preparamos para a parte que seria bem mais complicada. Precisávamos filmar o trem passando com a Dani ao lado do trilho. Detalhe: não sabíamos o horário exato que o maldito trem passaria. A informação que tínhamos era que o mesmo poderia passar das duas até as seis da tarde, ou seja, nos preparamos para longas horas de espera. Tivemos que planejar tudo antecipadamente, enquanto Tiago e eu ficaríamos numa câmera, a Dani estaria na nossa frente, do outro lado do trilho. A Anna Flor teve que ficar mais na frente, para evitar que pessoas aparececem no plano e o Walkir precisou se posicionar lá atrás para nos telefonar avisando o momento que o trem estivesse passando por ele. Ainda tinha o Ricardo, que posicionou sua câmera num tripé bem no meio do trilho, e no momento que o trem chegasse perto, ele tiraria o tripé e ainda filmaria o trem lateralmente, pegando detalhes das rodas e do trilho.
Depois de três longas horas, conversas sobre o nada e histórias sobre a vida (algumas contadas por um bêbado-ex-presidiário-mendigo), eis que o trem mais aguardado por todos resolve aparecer. Neste instante, é celular do Walkir me ligando; é Anna Flor gritando e segurando ciclistas e pedestres que insistem em querem aparecer no filme; é Tiago ligando a câmera na pressa e me perguntando se a Dani tava no lugar certo; é Ricardo segurando sua câmera até o último segundo possível antes de tirá-la do trilho e correr para fora; e é Dani morrendo de medo do trem que passa por ela tirando um fino de assustar até o bêbado-ex-presidiário-mendigo que enxia nosso saco horas antes. Três horas inertes para três minutos de adrenalina pura.
sábado, 27 de dezembro de 2008
domingo, 21 de dezembro de 2008
No Convento
Precisávamos de um corredor. Daqueles bem grandes. Tentamos alguns lugares até que a Dani lembrou do convento que sua mãe frequentou anos atrás. Sim, sua mãe é uma ex-freira. Chegando lá, conversamos com uma freira muito agradável que nos acompanhou pelos corredores gigantescos e em seguida, aceitou que gravássemos a cena. Não falamos muito sobre o filme pra ela, apenas garantimos que nada que seria gravado ali teria alguma conotação sexual/violenta/preconceituosa. A foto acima pode ser vista como um símbolo da beleza deste convento, assim como sua história, ainda preservada.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Cara Estranho
Depois de algumas conversas, Walkir aceitou fazer o papel do primeiro cara estranho que Sara encontra em sua "jornada". Em seguida, discutimos sobre as possibilidades desse personagem, seus trejeitos e seu background. Como fiz para Sara, escrevi um texto autobiográfico e entreguei ao Walkir. No mesmo dia conversamos a respeito e somente nesse dia ele conseguiu ter uma idéia mais concreta do que eu havia imaginado. Antes tudo estava nebuloso demais, e eu mudava de opinião constantemente, o que confundia a cabeça do Walkir, o deixando inseguro. Durante essas semanas de construção do personagem, ele apareceu com alguns desenhos interessantes sobre como esse cara poderia parecer. Esse que vocês estão vendo aí encima é um exemplo disso. Mudamos algumas coisas dias antes da gravação, mas o conceito básico continuou o mesmo.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
O Ônibus Que Não Estava Lá
No segundo dia de gravações, acordamos cedo novamente (algo que normalmente prefiro evitar), e fomos rumo a um terminal de ônibus, em um lugar distante e desconhecido por muitos. Meu amigo Eduardo advogava (e ainda advoga) para uma empresa terceirizada da URBS, responsável por uma boa parte da frota de ônibus vermelhos, amarelos, cinzas e outras cores mais que costumam transitar por essa cidade.
Através dele, e também com a autorização da prefeitura que a Anna Flor havia conseguido, conseguimos gravar uma cena em um ônibus cedido especialmente pra gente. Nesta manhã, tivemos além do veículo, um motorista simpático a nossa inteira disposição. Repetimos um pequeno trecho diversas vezes, gravando de várias formas possíveis e no fim, duas horas depois, voltamos ao terminal. Agradecemos ao motorista e a todos que ali estavam. Tiramos fotos e trocamos telefones. Meses depois, na sala de edição, acabamos cortando a cena. Ela estava ótima, mas precisávamos tirar o excesso, caso contrário o filme viraria um média metragem. Sentimos que ela estava de alguma forma atrapalhando o ritmo da história, justificando o seu corte.
Através dele, e também com a autorização da prefeitura que a Anna Flor havia conseguido, conseguimos gravar uma cena em um ônibus cedido especialmente pra gente. Nesta manhã, tivemos além do veículo, um motorista simpático a nossa inteira disposição. Repetimos um pequeno trecho diversas vezes, gravando de várias formas possíveis e no fim, duas horas depois, voltamos ao terminal. Agradecemos ao motorista e a todos que ali estavam. Tiramos fotos e trocamos telefones. Meses depois, na sala de edição, acabamos cortando a cena. Ela estava ótima, mas precisávamos tirar o excesso, caso contrário o filme viraria um média metragem. Sentimos que ela estava de alguma forma atrapalhando o ritmo da história, justificando o seu corte.
sábado, 6 de dezembro de 2008
3 em 1
Terminada a cena do cemitério, juntamos nossos trapos (kilos e kilos de equipamento alugado), devolvemos o caixão emprestado (e que valia exatamente o valor da nossa produção), e fomos para a casa do Tiago, gravar mais três cenas. Nesta tarde, Chapéu foi o grande responsável pela ótima iluminação em um "estúdio" totalmente improvisado, montado na sala do Tiago. Com alguns truques e uma combinação de agilidade/criatividade transformamos o lugar em três locações distintas. Momentos depois, tivemos nosso maior problema até então. Alugamos um baita equipamento de som e na hora de ligarmos um dos microfones na câmera do Chapéu, sentimos um cheiro de queimado daqueles que você até espera sentir numa cozinha, mas nunca em um estúdio (exceto nos filmes pirofágicos). Pensamos: legal, no primeiro dia de filmagem já conseguimos detonar uma câmera e ainda ficamos sem o som "profissional" que investimos e que estava consumindo boa parte do nosso orçamento. Depois damos um jeito, pensei. É certo que essa história de deixar pra resolver um problema na edição é algo que deve ser evitado, mas nesse dia não tivemos outra alternativa.
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terça-feira, 2 de dezembro de 2008
O 1º Dia
Não lembro se era oito da manhã ou ainda mais cedo, me recordo que era feriado de carnaval e lá estávamos, no cemitério municipal, prestes a iniciar as primeiras gravações. Enquanto a Carla maquiava os atores, eu e o Tiago posicionávamos as câmeras para os primeiros planos do dia. Nessa cena, utilizamos duas câmeras: uma para um plano bem aberto e que inicialmente seria o primeiro do filme, e outro frontal, pegando o caixão e os atores ao redor do mesmo. Depois reposicionamos a primeira câmera para um ponto no meio das árvores, pra termos mais uma opção de corte na edição. O primeiro problema que enfrentamos neste dia foi concorrermos com outro enterro (esse verdadeiro) que estava em andamento no mesmo horário do nosso. Os isopores/refletores que o Chapéu havia colocado nas pilastras próximas aos atores estavam refletindo nas pessoas desse outro enterro, o que incomodou um rapaz que estava "somente" prestando condolências a sua própria mãe. Com certa razão, ele disse que chamaria a polícia caso filmássemos o enterro de sua mãe, o que não tínhamos nenhuma intenção de fazer. Com um pouco de conversa e compreensão, conseguimos evitar maiores problemas e prosseguimos com as gravações.
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